terça-feira, 16 de março de 2010

Cento e quarenta sóis

"...Muito bem,
não te zangues,
encara as coisas com simplicidade!
E eu, julgas
que brilhar
é fácil?
Experimenta!
A mim
disseram-me que fosse brilhar,
e eu brilho com toda a gana!"
Demos assim à língua até ao escurecer -
isto é, até à noite passada.
Que escuridão esta!
Em "ti"
há eu e tu, coragem.
E não tardámos
a ficar amigos.
Bato-lhe no ombro.
E o sol também:
"Tu e eu
somos camaradas!
Vamos, poeta,
olhemos,
cantemos
neste mundo tão chato.
Eu ponho a minha luz solar,
e tu - a tua
em versos."
As paredes de trevas,
as prisões da noite,
sobre a terra serão esmagadas pelos nossos dois ataques.
A desordem de versos e de luz -
brilha naquilo que atinge!
Cansa-se então,
e quer
dormir,
esquecer no sono.
De repente - eu
com toda a força brilho -
e de novo o dia nasce.
Brilhar sempre,
brilhar em toda a parte,
até ao dia em que a fonte da vida se esgote,
brilhar -
e é tudo!
É o nosso lema - meu
e do sol!"

Maiakovski